segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Andar de Bicicleta

E, de repente, um vago sopro de vento impede uma folha, cortada e recortada, miserável na sua sorte, de ser atropelada.

A sorte não nasce, constrói-se, merece-se. A cada passo que damos na mais dura das calçadas fazemos pela sorte. A nossa sorte. A sorte que desejamos mas que tememos apenas lutar por alcança-la. Temo não ser capaz. Chegar longe, demasiado longe para voltar, e ficar, como um avião que iria aterrar em terreno hostil porque já não tem combustível para voltar. Mas ela vem, e vai, esperando, como uma mãe paciente que nos vê cair, que aprendamos, que lutemos.
Não saberíamos andar de bicicleta se não volta-se-mos a tentar outra e outra vez. E até vale a pena aquelas quedas, os embaraços em frente do pai e da mãe quando lhe queríamos mostrar que já éramos capazes. Toda a gente sabe andar de bicicleta, uns melhor, outros pior. Mas é um excelente exemplo porque não conheço ninguém que não saiba.
Quando caímos, poderíamos nós considerar um prenúncio de morte e deixar de tentar? Alguém saberia andar de bicicleta se o fizesse?
Perguntar não custa, custa a resposta. Não adianta termos vontade se não soubermos aquilo que realmente desejamos fazer. Manter-nos focados é um pouco difícil quando se começa a analisar aquilo que pode correr mal.
Não custa tentar, é verdade, custa é a frustração de não conseguir. Mas, algum dia, com um fino fio de fé, de “força de querer” - como diz o Eusébio (e eu acabo de citar um jogador de futebol, fantástico), cada um conseguirá construir a sua sorte.