terça-feira, 19 de abril de 2011

gravatas

Nunca palavras ouvidas vãs tiveram tanto significado. Nunca, meros sorrisos ou olhares pudessem mover as montanhas que hoje movem. Montanhas de emoções, certo. Mas, ainda assim, montanhas.


O mais importante na construção de um puzzle, um daqueles desafiantes que no fim não se desmonta mas que se emoldura, o mais importante é o quanto se deseja vê-lo terminado. Um puzzle não é um enigma indecifrável. Não um problema de matemática que nem sabemos o que significa. Um puzzle é um jogo de tentativa erro. Os menos audazes experimentarão todas as peças naquele encaixe, naquela face côncava. Virarão a peça ao contrário se for preciso. Os mais audazes e pacientes procurarão a continuação de uma imagem, de um contorno, uma cor e, ao pegarem na peça, saberão que encontraram a sua peça irmã. Não terão duvidas ao junta-las. Não se perguntarão se ficam bem. Se encaixam. Se uma é o ramo da arvore de outra. Se tudo isso é verdade, não há razões para duvidar.

Um puzzle requer paciência e intuição. Requer um certo tipo de inteligência visual. Uma coisa de ver o todo nas partes. Requer, também, ao juntar as peças, a teimosia necessária para nos convencermos que estamos certos. Da maior parte das vezes estamos. Os dois. Algumas não.

De puzzles sou apenas um falso moralista que nunca tentou sequer fazer um com mais de 99 peças. Mas soubesse a teoria de pessoas como nos puzzles suponho e upa upa.

Mais do que puzzles, a vida é feita de mudanças. Daquilo que se quer mudar. Daquilo que desejamos que nunca mude. Daquilo que mudou sem que nos víssemos nessa mudança. De tudo, sem duvida, devia mudar. Um puzzle é um ser sem qualquer desejo de mudança. Apenas o desejo de que a entropia não se apodere. A vida, porém, entrelaça o seu caminho com a entropia. A entropia, por sua vez, entrelaça-se connosco. Nós, levados na entropia, entrelaçamo-nos.

É uma lei do universo que a entropia é o destino final de todas as coisas.

Se assim for, serás sempre tu o meu destino.