segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Bolo

O bolo rainha é apenas bolo rei sem fruta cristalisada, como podemos pagar mai por uma coisa que só tem menos coisas que a outra?

Esperava-o uma solidão imensa, feita de nadas e ninguém. Não era o que desejava, mas era o que de melhor poderia ter. Sozinho, acompanhando a multidão de gente que segue com ele pelas ruas de uma qualquer cidade. A chuva cairá sempre, molhando tolos, aqueles que seguem a pé. Deambulando pelas montras apelativas, olha para todos os que se cruzam mas não vê e não conhece ninguém.
Mas agora permanece acompanhado de silêncio, no meio da gritaria dos seus pensamentos, junto da panóplia das suas personagens. Vive indeciso perante a escolha que o levará ao seu inalterável destino, sabendo que ambas o levarão, com mais ou menos curvas, ao fim de uma estrada qualquer. A do meio. A hipótese do meio. Afasta o silêncio que te acompanha e segue sozinho o teu caminho. Sobe sem balanço ou empurrão, chegarás depois de todos os outros ao fim do caminho. Durarás mais tempo no caminho.

sábado, 27 de dezembro de 2008

pain in the ass

Longe da vista ficam os dedos mindinhos dos pés e a tijoleira é usada nas paredes por ser mais fácil de limpar.

Forçado a entrar por nada que fosse, recusou o ímpeto mas entrou de seguida. Olhou, viu, observou tudo, gravou tudo na memória, pois seria a prova de que realmente teria acontecido. Ali estava ela, deitada de pé. Os pés estavam deitados, posição horizontal, quando o corpo se deita os pés ficam de pé – coisa engraçada, esta. Há muito se conheciam, tempo que não voltaria a trás para que ele o ela pudessem refazer uma acção mal conseguida. Tudo se resumia ao encontro de dois estranhos numa casa estranha em condições de filme de Hollywood. Outrora dividido entre duas flores. Não saberia qual levar, nunca. Uma daria com certeza resultados, mas eram vagos e ténues. Porque não experimentar outra que pudesse trazer de volta a viva paixão que nunca chegou a florir de dentro de um deles, pelo menos. Mas nesta última, com nada garantido, e tanto a perder, era preferível jogar no Euromilhões.
Com o estômago nas mãos e o coração nos pés, sentou-se ao seu lado, que por cortesia lhe fora oferecido. Bebeu devagar, gole de galinha, ao contrário do que era habitual. Não poderia fazer figura fraca. Quem sabe quando a voltaria a ver? Em que circunstâncias? Não tinha o que era necessário, definitivamente, um fraco. Só um fraco deixaria escapar oportunidades, sinais que só são deslindados, depois, quando relembrados. Ou então tudo isso não passou duma vaga tentativa de fazer durar a verde esperança num relvado amarelo de geada.
Nunca se sabe com agir em duas posições extremistas, o meio-termo, preferível, mas não acessível, é complicado de vislumbrar entre a panóplia de possibilidades deitadas fora por mim, por ele, por qualquer um em qualquer situação. Preferível, mas inacessível.
Falaram, riram, conversaram, como velhos amigos que, com ânsia, desvendam toda a sua vida em minutos escassos de conversa. Despediram-se, beijou-a na cara, virou costas e foi. Instantaneamente se arrependeu, queria voltar a tocar à campainha, virar as pernas, os pés deitados, mas estaria a ser um verdadeiro pain in the ass.
Como as borbulhas que nascem no canto da boca.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

capítulo III

Quem não se emociona com uma criança? Uma com olhos azuis, numa fotografia, de publicidade, de uma qualquer loja de roupa para crianças. E ver crianças a escolher a própria roupa – a vaidade, nas crianças é engraçada – assim como qualquer outro pecado mortal. Todos nos emocionamos, eu inclusive, mas ele não. Figura destoante dum cenário, figurino que passou no casting sem supervisão. Tudo isto para dizer que não estava a fazer nada, e como eu também não estava a nada fazer, e observava-o. Ele pegava e pousava roupa, esperava qualquer coisa.
Esperava aquele avô que, porventura, comprava uma prenda para um neto. Devia ser cego, ou sofrer de uma outra qualquer condicionante que lhe dificultava a visão. Intrigado com tal personagem que escolhia, também, a roupa, desliguei do outro autor, de forma a concentrar-me em pleno no avô.
Era cego, o pobre coitado, mas um cego cheio de massa, provavelmente era cliente habitual, as empregadas conheciam-no, usava uma bengala dourada. Pouco rico era.
O outro, frio, no frio, segui-o quando este saiu, e eu também, já agora porque não?
Lembro-me de ele vendar o cego avô. Esse, que se fosse realmente cego, se passaria a sentir normal, privado de um sentido que não tinha, com esse ponto favorável, uma pessoa que alguém pensava que era possuidora da arte de ver, mas que afinal só consegue o resto tudo muito mais.
Mas ele não era cego e como era óbvio. A um cego pouco importaria uma bengala dourada, dar-se bem com as melhores empregadas – e não falo das mais eficientes - não era cego. Até veria muito bem, melhor que eu.
Eu ia tão comovido com tal situação paradoxal, que não vi o sorriso cúmplice de quem quer ser levado, forçado apenas pelo papel que representa na trama. Não vi.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Capitulo I

Acordou. Outra vez suado. Outra vez assustado, numa clareira de lençóis. Era sempre assim. Desde que tinha obtido aquele recado de um moço que não era dele. Sonha todos os dias, a mulher dorme no sofá. O sonho - sabe ele - é o retrato que ele fez de um livro em que na personagem se achara a si.
Foi aquela ameaça, a consciência do mundo todo em uma pessoa que a leva à loucura no instante seguinte, imediato.
Uma hora, a duração do sonho, depois de voltar a adormecer acordou novamente, da mesma forma.
Eram duas da manhã de uma noite para o lixo. Em que o descanso necessário não viria sem ele ter consciência disso, mas virá por um café, dois, três.
Levantou-se para escrever. Escrever alivia. E ele iria escrever e descrever o pesadelo sob a forma de um sonho premonitório. Começaria pela sinestesia de flashes que invadiam um sonho normal. O encavacamento de dois ou mais pensamentos encadeados, mostrados tipo novela, mudando de actores e cenários no meio de um clímax para manter o suspense. Depois diria que sentia medo, porque por mais que não sejamos nós que estamos no livro, os pensamentos são de quem escreve, por isso têm, todas as personagens, um pouco de nós, de andar sozinho numa rua escura e que essa rua era a mais assustadora de todas.

***
A mulher que dorme no sofá na altura dos sonhos é advogada. Trabalha em casa e no escritório. Muito requisitada. Assim, precisava de dormir por pouco que fosse. E se se mantivesse a dormir mais ele não o iria conseguir.
-Tenho de trabalhar, não é nada do que as minhas amigas dizem – pensa ela todos os dias.
Adormece a pensar nele. No arguido que a contratou há muitos anos, e que há muitos anos a levou a apaixonar-se.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Prólogo

A solidão atormentava-o mais que a desilusão. Não gostava do cheiro das ruas à noite, dos morcegos a passar nos candeeiros e do som da sua respiração acelerada. Era como ser perseguido sem saber se realmente o é. O escuro, mais que o nevoeiro, enchia-o do instinto de sobrevivência. Se a sua vida corria perigo era de noite. Se morresse assassinado seria numa noite de nevoeiro.
Do outro lado da rua, um sujeito seguia o nosso atormentado personagem. Era o costume. O normal, trabalho. Não o conhecia, porventura seria boa pessoa mas não lhe competia a si decidir. Alguém já o havia feito. Agora executaria.
A rua por si só era indistinguível. E nessa noite não se via um passo à frente dos pés. Não se lhe reconheciam os edifícios românticos. As entradas grandiosas, os candeeiros retirados dum filme de Vasco Santana. Nenhum dos dois sujeitos parecia reparar nas ruas transversais que constantemente cortava a em que seguiam.
Ele seguia atormentado e perseguido. O nevoeiro havia-lhe molhado a cara, tinha as roupas húmidas. Era gordo, facilmente comparado a um sapo. Passava por mais velho e burro. Perspicaz e consciente, sabia ler qualquer pessoa que lhe atravessava o curso. Usava óculos antigos, grandes, de fundo de garrafa. Tinha as palmas das mãos escorregadias do suor, dificultando-lhe o segurar do chapéu-de-chuva.
O perseguidor era alto, quadrado, olhos azuis e cabelo ausente. Usava gorro preto, sobretudo preto, calças pretas, luvas pretas e calçado preto. Trazia no bolso uma arma preta e usava, para estas circunstâncias um espírito preto.
Trazia tudo planeado. Era-lhe escusado seguir a presa. Sabia que se dirigia para casa. Havia-o estudado. Mas o seguro morreu de velho e é bom estar preparado para qualquer eventualidade. Este trabalho iria ser bem recompensado, e só por isso dispensava qualquer desleixo.
Encontrou o prédio onde morava pelo bar que se encontra aberto toda noite. Demasiado enfeitado com luzes de néon, era um bom ponto de referência. Talvez um dia ainda entraria no bar e usufruiria dos prazeres terrenos que o estabelecimento oferecia. Subiu até ao seu andar, reparou que o vizinho não havia chegado a casa. Era estranho, mas reparava sempre na correspondência por abrir, na posição dos tapetes e nas luzes usualmente produzidas. O vizinho não era homem de hábitos mas de rotina. Fazia sempre o mesmo. Chegava a casa, ligava a televisão e fingia tomar banho. Ao por a chave na porta reparou num vulto que agora subia as escadas, o vizinho acabara de chegar.
Era agora. A presa, nenhuma das suas vítimas tinha nome, apenas uma cara, tornava tudo mais fácil, chegara a casa, abrira a porta. Altura para simular o suicídio. Ele reconhecera-o, facilitava a intrusão no covil alheio. Conversa de circunstância e convida-o para entrar. Tira a arma, calma e serenamente, adiciona-lhe o silenciador e encosta-a a uma das têmporas. Deixou a arma na mão do mesmo lado da têmpora e disse para si mesmo:
- Altura ideal para um banho.
Entrou em casa, tomou banho, comeu uma sandes, bebeu vinho. Arrumou as malas, retirou da gaveta o bilhete de regresso a casa e deixou o apartamento vazio.
A presa ficara. Chegara ao destino.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

como acne na cara

Ele, continuava, como sempre, confuso e objectivo. Vi as coisas claramente. Percebia-se. Sabia o que fazia, sabia o que queria. Porém atormentava-o o mesmo fantasma de sempre. Aquele que não o deixava permanecer no mesmo sitio por muito tempo mas também não lhe permitia mudar constantemente.
E la estava ele em Roma. Sentado na esplanada de um qualquer café de uma qualquer rua. Bonita por sinal. Ele gosta de coisas bonitas. Olhava para um lado e para outro, temeroso. Não gosta de sítios novos. Não conhece as pessoas, lê-as mas não as ouve. Eu gosto de saber o que as pessoas pensam de mim. E ele lá estava . Intimida-se com facilidade. Só as pessoas que não o conhecem o podem vir a conhecer. Só aqueles com quem quase não convive é que o intimidam. Só esses podem traçar-me m rosto sem que eu possa intervir. Só desses tenho medo. Só a esses as fragilidades, que me levam a odiar os sítios onde estou e a não gostar para onde vou, estão visíveis.
Tudo o que acontece, advêm de coisas que ele fizera.
Conto coisas pequenas às pessoas. Ele fazia-o, também. Dessa forma ninguém tem o puzzle, só algumas fatias, e dessas, só algumas poderão ser as correctas. Uma forma de se proteger. Uma capa inviolável para aqueles que o conhecem, só acessível para quem passa.
Como acne na cara.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

no melhor pano cai a nodoa

Todos os palhaços são tristes, mesmo quando se alegram. Todas as árvores caem, todas as freiras pecam e tudo acaba. Fatalidades

O creme continuava pousado no mesmo sitio, no mesmo ângulo mas qualquer coisa não estava bem. Sabes que trazer de volta os fantasmas não te faz nada bem. Porém não poderia evitar a sensação. Meticulosa como um génio obsessivo, sentia que qualquer coisa tinha mudado. Não havia pó. Havia mas não para onde olhava. O sitio era fulcral mas tinha menos pó que o esperado. Fora durante dois meses justificaria mais.
Não teme nada, nunca temeu. Gaba-se disso com o seu alter-ego. Não confia em mais ninguém. Não se confessa com mais ninguém. Não corre riscos. O seu casamento confirmaria a falta de confiança nas pessoas.
O seu melhor amigo e amante revela-se, agora, o inimigo mais temido. Conhece-a. E não a teme como os outros.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

quando o fim acaba

As folhas voam no chão fora de tempo. Fora de espaço. Pois as calçadas ainda não estão prontas para as receber. Mas tudo voltará ao normal. Afinal, foi só uma árvore que secou. Não a floresta.

Aquilo que dizemos, nunca, quase nunca, é aquilo que queremos dizer. Sentimos necessidade de nos projectar para aquilo que idealizamos. Sentimos que não há outro meio de nos libertar. Falamos. Mas não sentimos.
Ela sentiu isso. Sentiu quando tomou a decisão da vida dela. Sentiu quando saiu de casa. E, por fim, sentiu quando o denunciou à polícia.
Foi no olhar dele daquela vez que ela não fez o que ele disse. Foi a sua recusa à independência dela. Foi o estalo. Foi a desculpa, as várias desculpas. Foi a cabeça partida num vão das escadas lá de casa. Foi por isso e pelo medo. Porque ela queria uma vida dela. Porque queria a vida dela. Não queria fazer parte da vida dele. Queria que ele fizesse parte da sua vida. Mas ela não tinha vida. E isso dificultava as coisas.
Sentiu, também, quando chegou a casa. Vazia. Sentiu quando ele chegou. Não estava embriagado, como as histórias que ouve. Quem lhe dera que ele estivesse embriagado. Desculpava-o se assim fosse. Não seria ele, seria o álcool. Mas não. Com a mesma frieza do olhar, olhar esse que aprendeu a descobrir muito tempo após o primeiro encontro.
Sentiu, como não houvera, antes, ocasião que o justificasse, o pavor. Pavor porque ele, com as suas grandes mãos, mas perfeitas, a agarrou, amarou, regou, e acendeu. Tudo isto junto com a casa. E sentiu ela e sentiu a casa. E adormeceu ela e a casa. E caiu ela e a casa.
Quando os bombeiros chegaram, apagaram a casa e ela. Fizeram o rescaldo delas juntas. Porque era assim que tinha de ser feito. Porque ela tinha uma vida. A casa era a vida. O fulgor que ela punha nas actividades que com esforço desenvolvia na casa era a sua tentativa de sobreviver, manter-se viva. Respirar.
E deixaram as duas, no mesmo sítio, a mesma coisa. As cinzas.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

(sem titolo)

Quem diz que minto, mente
O que sinto, não sabe nem sente
O que faço são tudo prosas
Desfeitas e vendidas, foram as rosas.

Essas atingiram no buraco do Cupido
Deixando para traz um rasto sofrido.
Aquilo que está perto
Não seria isso por certo.

Todas as emoções devem ser contadas
Vividas e transformadas
Manter-mo-nos na nossa parte de chão
Para esfriar o comboio da razão.

Tudo o que nos dizem é pensado
Levado pelo comboio,
Virado.
No meio bóio.

domingo, 21 de setembro de 2008

acabou o inicio

Não fraquejes, não vaciles. Imploro-te. Já era tarde para implorar fosse o que fosse. O mal estaria feito, estava feito, não havia como impedi-lo. E uma parte dele continuava a querer que aquilo acontecesse. A parte mais escura, mais cruel, a penumbra. O lobo uivava de ansiedade e prazer.

Se era errado?
Absolutamente, sem qualquer duvida. Mas o amor que nutria por ela era suficiente para que sacrifícios fossem feitos.

Ele ainda se lembra de todo. Desde o primeiro dia que a vira. O segundo em que a seguira. Até ao momento em que ela própria se apaixonara por ele. Também de outra forma não se poderia ter passado. Tudo o que ele fez era para que acontecesse desse modo. Ele não era de todo desprezível. Bonito, simpático e bem formado. Tinha uma profissão respeitável. Não era de todo difícil, ela apaixonar-se por ele.

Foi essa a sua maldição.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Divagar

De onde veio Deus?
Já sabemos como surgiu o universo. Sabemos que o tempo e o espaço surgiram nesse instante. E quando surgiu Deus? Sabemos quando surgiu a água na Terra, sabemos quando surgiram os primeiros organelos, as primeiras células, as primeiras bactérias, os primeiros seres vivos. E como surgiu Deus? Não sei, nem vou tentar explicar como surgiram todas as coisas que referi anteriormente. Mas há alguém que saiba e que tenha explicado esses acontecimentos. Além de os situarem no tempo. E o aparecimento de Deus? Alguém sabe? Alguém já explicou?
Podemos falar de todas as religiões que falam da existência de Deus, mas alguém, alguma delas, alguma das entidades que as representam já falou do aparecimento de Deus? Será que Deus morre? Será que Deus nasceu há muitos anos. Será que Jesus (filho de Deus) um dia ocupará o lugar do pai? Mas se assim for, que é o avô de Jesus? Haverá toda uma linhagem de Deuses? Mas ai haveria mais que um, então os romanos, gregos e egípcios é que tinham razão. Para não falar de todas as outras civilizações anteriores como os Maias. Então mas Deus criou o mundo. Assim foi ele que fez acontecer o big-bang. Mas antes disso não haveria espaço nem tempo. Não para nós. Também para nós houve muito tempo em que não houve tempo nem espaço. Se a evolução da Terra correspondesse a um ano, o Homem só teria aparecido a um minuto para a meia-noite do dia 31 de Dezembro.

domingo, 14 de setembro de 2008

da caca aos livros

Quem é que não se arrepiou numa casa-de-banho? – Pensou ele enquanto passava outra noitada no sítio de costume. A casa de banho era pequena e sem nenhum traço particular: tinha um pequeno espelho, paredes brancas, com ajuleijo até à cintura. O tecto também era branco, mas o chão estava empatulhado de tapetes e por cima destes encontravam-se os livros que ele já lera quando lá passava as noites. Definitivamente tinha de se ir embora, embora lhe custasse um pouco.
Talvez não fosse da comida. Talvez fosse um efeito secundário da experiência. Isto de ser um voluntário pago acarreta os seus riscos. Talvez esteja só nervoso. Tenho de beber mais água. Não posso desidratar. Não posso influenciar os resultados.
Como, para ele, era difícil viver naquela grande e pequena cidade. Eram tão grandes os edifícios e tão pequenas as pessoas. Não chegou a perceber isso. Tinha as luzes de todas as cidades famosas, apesar de nunca ter ouvido falar. Mas haviam muitas cidades famosas que ele nunca ouvira falar, esta seria só mais uma. Ele era um rapaz pacato, sem ocupação aparente, a não ser ler. Lia muito e tudo. Lia revistas para mulheres e para homens. Lia banda desenhada e livros universitários. Passava a vida na livraria da sua mãe, porque não tinha mais nada para fazer. E não tinha uma rapariga com quem se entreter. Ele não as via assim. Para ele, elas eram objectivos. E os objectivos eram como as estrelas (já dissera sir. Makewater) estava a milhões de milhas de distância. Mas era bom ele ter objectivos.
Começou a ler porque viu, uma vez, na televisão do seu quarto, que se encontra por cima da consola favorita e ao lado da que é menos usada, num intervalo, que ler fazia cumprir os objectivos e ter uma vida melhor. Era uma das campanhas de um qualquer governo que pretendia que os seus habitantes lessem mais.
Mesmo com tanta leitura, ele nunca se deixou literecer. Achava as coisas que lia uma seca. Mas as capas dos livros eram bonitas e gostava do fim. A mãe, uma vez, pusera-o de castigo por saltar páginas dum livro sobre astrofísica. Disse, e ele nunca esquecera estas palavras: “ é assassinar um livro, é como se libertasses um pássaro, mas deixasses sempre uma parte dele na escuridão da gaiola. O livro precisa de ser lido para nascer. O livro não nasce no autor mas no leitor. Um livro é aquilo que o autor pensa e viveu divulgado ao mundo. Quem o escreve quer que assim seja. Não cometas o pecado de ler só uma parte do livro. Se não fores capaz de ler o livro todo, não és merecedor do seu final.” A mãe dele disse isto com a calma que sempre a acompanhara, quase com se estivesse a contar uma história de embalar, mas entrara na parte decisiva e precisou de usar uma entoação mais forte. Ele decorou estas frases como provérbios. Foi a única coisa que aprendeu.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Momentos

Porra páh!
Que cena.
Tinha de acontecer logo agora?
Agora que eu tinha alcançado a serenidade necessária para dormir. Há três dias que não durmo. Melhor há três noites. A situação é a mesma. Não durmo nem há três dias nem há três noites. Mas não é altura para humores, a situação é desesperante!

Tudo no acontecimento parece mais do que errado. Mas o que é que é mais do que errado? Deixa-te de questões filosóficas, a situação é grave, até parece que estas a brincar com tudo isto. Mas lá que parece errado parece. A situação, as pessoas, a ocasião, os olhares e tudo. Mas deve ser impressão minha. Só pode. Nada consegue ser tão errado. Nada excepto nos livros. Pois, e nós estamos num livro. Num livro aberto há muito tempo e que ainda não foi lido, um livro que se confunde com a nossa própria realidade. É a nossa realidade, já que somos personagens do livro. É o nosso mundo. O nosso universo. É o objecto de estudo por parte dos cientistas.

Agora cá estou eu outra vez e novamente na mesma rotina que se repete todos os dias. Não o agora de há pouco, mas o agora de agora. É o segundo, e até esse já passou. Até os agoras são fugazes. No sitio onde me encontro, já por muitas vezes me encontrei. E voltarei a ir lá encontrar. Muitos agoras se repetirão, apesar da minha contrária vontade.

domingo, 7 de setembro de 2008

A rotina do pensamento

Conjecturar é, sempre, fácil. Principalmente quando mantemos as conjecturas para nós. Ainda mais se essas conjecturas conjecturarem uma situação inconjecturável.

Era o primeiro dia do resto da vida dele. Ele pensava sempre isso. Todos os dias de manhã ao fazer a barba, ao lavar os dentes, ao tomar o pequeno-almoço. Sentia-se bem ao pensar dessa forma. Ao tentar mudar a rotina sufocante em que se tinha envolvido, como um colete-de-forças que prende um maluco involuntariamente,
Ao sair de casa, depois de entrar no carro e sair da garagem deixava de o pensar. Invadia-o o mesmo sentimento de impaciência, revolta, irritação. Aquele trânsito era, e seria sempre, insuportável. Mesmo assim ligava o rádio a altos berros, depois de ter soltado uns valentes palavrões ao condutor da frente para se acalmar, e sorria. Cantarolava. E sorria.
Até chegar ao emprego era assim, e sempre seria. Ao chegar ao trabalho, porque emprego é uma ocupação que não nos exige esforço ou sacrifício de qualquer espécie, já o trabalho é outra história, ouvia os mesmos berros do patrão, a mesma angustia que via todos os dias voltavam aos rostos dos seus colegas.
O resto da minha vida será como este dia. Acabava por dizer ele, entre dentes, suspirando por melhor sorte no dia seguinte. Já descrente, adormecia.
Era o primeiro dia do resto da vida dele.

domingo, 31 de agosto de 2008

dádiva

- Obrigado – disse ela com um sorriso surpreendido.
Foram das palavras mais importantes que já ouvira. Obrigado. Nesse momento não foi tanto o dar mas o receber. Não estaria em causa o dar, porque ela a merecia. Tão bonita, mas não sorria, não estava triste, nada disso, nem ele o poderia dizer, mas sentiu aquele aperto. Seria ela a receptora, e o obrigado compensou todo o esforço de arrancar a coragem do fundo do ser. Ficou constrangido, envergonhado, ocorreu-lhe que ela pensasse que ele era um qualquer sádico, ou um mirone que já a seguira desde o início da sua estadia ali, mas nada disso importa porque não a voltaria a ver. E ela recebeu a rosa, e guardou-a.
A praça, a musica a confusão. Todos os bares e restaurantes com diferentes músicas que se misturam criando um divertido efeito sonoro aos transeuntes. A animação natural de quem já bebeu álcool suficiente para desinibir, mas ainda não para cair.
Ele ia contagiado por esse ambiente. Ele estava contente. Quando vê uma rosa no chão. Uma rosa. Quem a pôs no chão não imaginava o poder que pode ter uma rosa. Pode mudar uma vida. Pode aumentar o ego do seu receptor de forma exponencial. E o dele também. No fim já ele não sabia se deveria ter sido ele a agradecer.

a bonança da tempestade

- Acabou – disse ele com um estado de espírito similar ao da chuva que se fazia sentir lá fora.
- Deixa-me explicar-te – rogou, suplicou e pediu ela, tudo isso, porém, continuava a não surtir efeito.
De repente param. A tempestade que se fazia sentir impedia-os de continuar, era demasiado perigoso. Ele decide ir a pé. Qualquer coisa seria melhor que ficar ali a respirar o mesmo ar que ela, a ver as mesmas coisas e a olhar para ela.
A tempestade era enorme. Os telhados há muito que se despregaram, as copas das árvores batiam no chão, vergadas pelo vento, criando um efeito extremamente cómico e do qual todas as personagens desta história estavam alienadas.
Ela sai também ignorando os avisos do motorista, afinal tinha sido ele a desmascara-la.

***
Ele entrara primeiro no autocarro. Pagara o bilhete e sentara-se à espera que ela chegasse. Tinham combinado irem juntos para casa. O carro dele havia avariado.
- O costume? – Perguntou, inocentemente, o motorista à cara familiar da mulher que acabara de entrar
- Não, hoje vou para casa.

***

Por mais que ela rogasse, gritasse e berrasse ele não a iria ouvir. Não só pelo barulho do vento, mas também pela humilhação de saber como soube. Ela veio atrás dele, sempre a berrar, a gritar que parasse. Ao alcança-lo, grita-lhe ao ouvido as suas desculpas e ele sussurra-lhe:
- Não vás para casa, não hoje, não nunca.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Todos os rebeldes somos nós

A rebeldia para uns é a incompreensão para outros. Nós somos todos rebeldes sob um certo ponto de vista, não o nosso, nem sempre o dos nossos pais, talvez dos avós.

A rebeldia caracteriza-se por fazermos algo que alguém não quer seja feito. Somos rebeldes quando saímos de casa, quando nos despimos num local público, ou, simplesmente, quando pomos a língua de fora aos nossos pais.

Somos rebeldes porque vemos os morangos com açúcar e somos rebeldes por não os ver.
O que eu quero dizer é que podemos ser rebeldes por fazer qualquer coisa, depende de quem julga o que fazemos. Sim. Há sempre alguém que julga o que fazemos. Há sempre uma pessoa na rua que passa e vê a roupa que trazemos, vê o beijo de despedida que damos. Há sempre alguém que se julga menos rebelde que nós.

Há sempre alguém que quer curar a nossa rebeldia.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

tudo isto só para ter um texto grande

Fico, na maioria das vezes, a olhar para o meu esplendoroso teclado. Vêm muitas coisas à cabeça, tipo brainstorm: melgas, moscas, a esquina duma estante que tenho atrás de mim, e o candeeiro (isto quando me levanto). O certo é que hoje aconteceu o mesmo, mas como eu queria escrever por ser o meu dia de folga, escrevo na mesma.
Em certos dias ponho-me a pensar em questões filosóficas, coisas da ociosidade, tipo o que é que é certo e errado, quem o define, porque é que branco é branco e não preto e por último será que é este ano que o Benfica é campeão?
Quando, às duas e meia da manhã, chego ao trabalho, ocupo a minha mente com cálculos mentais, coisas relacionadas com o meu posto, e que servem par ir treinando e para me manter acordado.
Digamos que este texto é quase de carácter obrigatório, tipo composições na escola, por isso não tem qualquer moralismo, simplicidade a esconder sentimentos especiais ou beleza literária.
Se o Quique Flores tiver em conta a matreirice das equipas mais pequenas que só jogam em contra-ataque, vai ter sucesso. Até porque tem um nome ospicioso, Flores, podia ser Lenços Brancos…
As dores de furar uma gengiva com um palito são realmente incómodas. Evitem usar palitos em público, alguém vos pode mandar um murro, e com o palito aleijam-se seriamente em algum sítio. Os dentistas é que ganham.

sábado, 16 de agosto de 2008

episódios

Vontade? Não. Apenas não gostava de malandros. Queria que todos trabalhassem, e trabalhassem bem. Porquê? Para ele próprio poder malandrar.

Eles correm, nós corremos e ela também corre. Principalmente ela também corre. Devia ter desconfiado. Nada cai do céu, e se cai destrói-se na aterragem.
Eu era, apenas, um estafeta. O meu avô foi estafeta, e o meu pai também. Andavam de bicicleta e motorizada, eu de carro. Com o treino da bicicleta o meu avô tinha uma forma física extraordinária, durou mais anos que muitos esperam durar. O meu pai morreu num acidente rodoviário, ia sem capacete.
A profissão, hoje, é muito mais segura e concorrida. Os carros não são os de antigamente. São bombas. Mas é mais exigente, nada pode passar para fora. Todos andam á caça de clientes, de possíveis formas de se aniquilarem mutuamente.
Quando as companhias de entregas se juntam, que neste momento é o meu caso, geralmente nenhuma consegue o que quer, mas fazem muitos estragos. São empresas de entregas, sabem de toda a gente, sabem ir a todo o lado e sabem onde fica tudo.
Eu queria uma vida menos monótona, menos rotineira, e aqui a tenho. Que coisa para se desejar! Agora é o bom e o bonito, juntos a correr atrás de mim. O bom vem de calças e camisa, acho que até trás um chapéu. O bonito vem vestido à galã que Hollywood (há coisas que nunca mudam). Até que ouço gritar por polícia atrás de mim e vejo o bom a prender o bonito. E assim foi. Ela vinha atrás, isto quando eu lhe pedi que cuidasse do meu filho, nosso filho. Porra! Tem de ser sempre tão teimosa?
Os tempos foram passados, basicamente passados, uns bem outros mal. Passados bem e mal. Até que o tempo acabou.
fim

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

trabalho

O barulho ensurdecedor do seu normal funcionamento. A janela aberta. oportunidades para ver o mundo lá fora, para sentir o mundo lá fora. Mas vai demasiado penetrado na leitura para perceber o que se passa à sua volta.

O meu avô era igual ao meu pai, segundo ele mesmo, mas com a diferença de que teve a oportunidade de mudar depois de velho. O meu pai não teve essa hipótese. Morreu cedo, muito cedo. Fruto da vida que levava, que o meu avô levava, e que eu também levo. Levava, espero eu. O meu avô não educou o meu pai, educou-me a mim. E esse salto nas gerações teve reflexos - acredito eu - na minha vida e na dele. O meu avô foi o único patriarca da nossa família que não padeceu à profissão. Todos os outros sucumbiram, excepto eu, ainda.
A profissão da nosso família é tipo uma praga que nos segue para onde quer que vamos, é um vírus introduzido à nascença.
O velhote bem que tentou levar-me a fugir disso, tanto que eu queria fugir disso, mas apenas me tornei num executante evoluído e não inadaptado, como era o meu desejo.
Há uns tempos ganhei coragem e renunciei à minha profissão. Ganhara o suficiente para uma vida desafogada. E queria ter a certeza que teria tempo para viver essa vida. Muito desta decisão parte da introdução na minha vida do meu filho.
Hoje faço ao meu filho o que o meu avô me fez a mim. Educo-o. Será a melhor forma? Ninguém sabe, nunca ninguém soube.
A Ana é a mulher da minha vida.
Tenho andado com a impressão de não estarmos sozinhos nesta paisagem desolada. Mas nós nunca estamos sozinhos.
to be something

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Erro

A mobilidade. A adaptabilidade. Tudo isso é necessário para quem procura uma sombra num parque da cidade. Pesssoas sentam-se, pessoas levantam-se. Mantêm-se as árvores.

A ideia surgiu num fim de tarde de domingo, ela estava enrolada num manto luminoso, o sol era reflectido pelo óleo que usava.

-Era o que havia a fazer- disse-me ela.

Eu compreendi, era mesmo o que havia a fazer. A mãe não cuidava do filho. Ela era a mãe, e eu o pai. Assim faríamos uma familia.

Ele também compreendeu, a ideia era tão lógica que nem o tribunal a descartou e abraçou-a sem reservas.
Ele está lá fora, com ela. os professores dizem que é sobredotado, não me agrada. Já vivi semelhante situação e não foi nada fácil.

É por isso que hoje vivemos numa casa, numa encosta, numa escarpa de uma ilha.
agora começa...

domingo, 20 de julho de 2008

coisas práticas

As aftas. As coisas desprovidas de sentido, a não ser o sentido de nos tirar o sentido do gosto. Priva-nos dos maiores dos prazeres.

A angústia, o medo, o pavor. Tudo isso sentia naquela hora, naquele momento. A pior das sensações varria o meu corpo. Mas nada disso interessa descrever, nada disso para mim, agora, importa. Porque não interessa chorar sobre o leite derramado.
Interessava, sim, ter-se prevenido e não ter derramado o leite, mas nem isso eu fiz, nem para isso eu servi.
Sinto-me uma inútil. Não aproveitei para beber o leite enquanto o tinha e agora entornou-se.
Eu nem sabia que gostava de leite. Ele estava lá sempre. Eu bebia o leite sem dar conta, sem sentir a angústia do desmamamento.
Pavoneio-me pela sala, vazia.

Ainda não acredito que ele ganhou a custódia do meu filho.

O meu filho, meu! filho.
A casa esta vazia, demasiado vazia. Vou comprar um T0.

Tenho de ir comprar mais leite.
procura-se Titulo para a história

quarta-feira, 16 de julho de 2008

rascunho

Os mosquitos, seres minúsculos, que a escuridão, própria da noite, oculta, são revelados pelas intrusas luzes que iluminam o que deve permanecer escuro.

A pergunta apanhou-me desprevenido. Não tanto pela inocência com que foi proferida, mas pela falta ou impossibilidade de resposta. Assim como não tinha pensado sequer que o acto obrigatório, como antes era o recensiamento, por lei em que se tornou a dádiva de esperma pudesse trazer tais reprecursões.

Quantos mais filho poderia eu ter? Quantos mais irmãos poderia ter o meu recente filho? Quantas das crianças que agora vejo a rua não serão fruto das minhas sementinhas?

Mas se todos descendermos do mesmo macho, qual será o espaço para a diversidade genética? Seremos, um dia, todos iguais? Tudo porque o cromossoma Y é demasiado fraco e não foi devidamente protegido?

O número de crianças não diminuiu, pelo contrario, até, há cada vez mais crianças. Nascem quase como coelhos por causa da inseminação. Mas isso quer dizer que o decrescente número de macho é cada vez pai de um maior número de crianças.

Como posso nutrir um sentimento tão grande de dever de protecção, de amar, de educar, não por um, mas por muitos filhos? Seria a mesma coisa se eu os conhecesse todos?

E há umas horas atrás lá estavamos, eu e o meu filho, a regressar da escola, quando ele me pergunta:
-Tenho irmãos?

terça-feira, 15 de julho de 2008

composição

Ele enche, volta a encher. Ultrapassa os próprios limites do recipiente. Enche. Ele ri-se, e ele enche. Comédia. Enche. Enche. Explode!
Barulho.

-O meu pai é fixe!

O meu pai é muito fixe, mas eu não sei se gosto dele. Ele conta-me histórias para adormecer, mas eu nunca adormeço. Quero ouvir o que acontece ao Bom.
O meu pai dá-se bem com a minha ama. É giro vê-los a piscar o olho. Parece que lhes entrou alguma coisa lá para dentro e eles estão a tentar tirar.
A minha ama é como o meu pai: não gosta nada das "estupidas modernices" é assim que ela lhes chama.
Acho que ela não se dá muito bem com a minha mãe. Eu também não gosto dela. Ela dá-me presentes mas nunca foi lá à escola. Nunca vai a uma festa de anos comigo. E o meu pai vai. Ea não me dá as boas noites antes de dormir, porque não esta em casa. O meu pai quando não está manda-me um e-mail. Eu gosto dele. Dele e da minha ama.

domingo, 13 de julho de 2008

revés da moeda

O sono. Imbatível e invencível.Restaurador. Durmo.

-Porque é que tenho um pai?

Todos os dias levo o meu filho à escolinha. Não pela mão. Parece mal dizia-me ele, um dia destes. Mas vamos a pé.Quero que ele se recorde de mim. Quero que se recorde que era diferente e será diferente. Quero que se recorde.
Eu já não me recordo da minha infância. Ninguém lhe deu muita importância, assim sendo, eu também não dava. Não fixei o nome dos animais aos três anos (pelo menos não me lembro de os fixar), não me lembro se alguma vez caí e o meu pai me ajudou, não me recordo da minha primeira recordação desde que me lembro de ser gente. Mas ela aparece. Tipo flash. Tipo fotogramas que interrompem o filme da minha vida.
Eu e ele chegamos à escola todos os dias à mesma hora. Talvez por ser tão organizado e querer incutir isso na educação dele.
A primeira vez que o fui levar ele sentiu-se tão mal que chorou ao chegar a casa. A verdade é que não se via um único macho da espécie humana nos arredores da escola, a não ser, of course, os alunos da escola. Nem se via nenhum familiar de uma qualquer criança a levá-lo à escolinha. Os filhos chegam todos do mesmo sitio, e, ao fim do dia vão todos para o mesmo sitio. Nesse sitio não são os pais a irem buscá-los, são sim as amas. Por isso eu vou buscar, todos os dias, o meu filho a casa da mãe e levo-o à escola. No final do dia, vou buscá-lo à escola e levo-o a casa da mãe.
Logo o meu filho é diferente. Como é mau ser diferente na primária. Já no meu tempo era mau. Já no tempo do meu avô assim o era.
O normal é as mãe viverem sozinhas, chegam a casa já com o/a filho/a na cama. Dirige-se para lhe dar um beijo, mas repara que já é tarde fica, assim, para amanhã, para depois, para nunca mais.

O meu filho não sabe se gosta de ter um pai. confessou-o à ama. Ama que é bem jeitosinha e mantêm uma relação de proximidade comigo.

O meu filho gostava de ser como os outros filhos de outras mães. Mas eu não quero ser como outros pais que não sabem que o são, e que têm um papel cada vez mais insignificante em qualquer campo da sociedade.

Os homens são os novos escravos desta sociedade que não lhes deixou espaço algum na evolução que sofreu. Os homens que se deixaram levar pela aparente razão dos argumentos feministas que nada mais fazem do que realçar as fraquezas de quem os profere.

-Tom, tens um pai porque é necessário um pai e uma mãe para fazer um filho. É preciso duas pessoas para gerar o rebento que evoluirá como os desenhos animados que vês na televisão.-Até amanhã à mesma hora- digo eu com um sorriso.
-Xau pai, vê se te atrasas.
may be

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Iluminar

A distorção acontece. Passa-se aquela fase em que estamos perfeitamente racionais, mas fingimo-nos alterados para que possamos levar a nossa avante. Caímos redondos no chão. Divertimento.

O Outono havia passado há muito. É verdade que quanto mais velhos, mais devagar passa o tempo, mas para mim não era justificável aquela sensação de ter vivido uma vida num dia. Era o primeiro dia de Inverno. Toda a minha curta existência procurei emoções marcantes, procurei o sangue a regar-me o corpo todo de adrenalina, de medo, de euforia. Claro que experimentei drogas, mas o efeito foi escasso para o que pretendia. Sentia-me vazio desde que me lembro. Aliás, só ontem soube o que é não se sentir vazio, só ontem soube que me sentia vazio, só ontem.
Mais uma vez o plano falhou. Ainda bem. Eu, que outrora pensara em nunca mais fazer nada fora do delineado, ontem, arrependi-me. Ainda bem.
Todos teríamos um plano se soubéssemos todas as vertentes, todas as variáveis. Mas nem todos sabemos. Duvido que alguém saiba. Já antes não se sabia. Mas andava-se mais perto da verdade.

Ontem. Ultimo dia de outono. Há muito que não havia folhas para cair, nem árvores para as deixar cair.

Ontem conheci o meu primeiro rebento. O meu primeiro sucessor, o meu primeiro filho.
Não sei se filho é a palavra mais adequada. Não conheço a mãe, e conheci o filho em condições não usuais, mesmo para estes tempos.
Apesar da situação, o sentimento predominante era o de felicidade. Um ser humano que não conhecia, mas que era feito por metade dos meus genes. Poderia ter parado para tentar reparar nas habituais parecenças, mas não, não era eu que me conduzia e os médicos tinham pressa. A situação era demasiado urgente.
Aquela criança, cuja mãe, independente, fora buscar as minhas sementes a um banco de esperma, precisava urgentemente de um transplante. Claro que tudo poderia ter sido evitado se ela tivesse guardado as células estaminais.
Não queria pensar nesse cenário. A sensação de necessidade da minha pessoa era a melhor coisa que já tinha vivido. Claro que estava nervoso.
Fiquei mais nervoso quando recebi o e-mail a notificar-me para a operação, e a sua urgência. Desde aí que que vivo completo.
Irei conhecer o meu filho se tudo correr bem.
Claro. Adormeço. Vai começar.Escuro
to be continued

quinta-feira, 10 de julho de 2008

há coisas que não mudam,(sempre)

E o volume dos ruídos que me atormentavam o aparelho auditivo desceu. Tudo deixou de importar, ou ser importado. Apenas aquilo que eu queria ver, ouvir, sentir, passei a ver ouvir e sentir.Apenas isso, nada mais.

Acordei no dia seguinte. Bem-disposto e sorridente. "Eu sou uma pessoa alegre"-pensava eu enquanto comia e lia o e-jornal 3D.
Desloquei-me como de costume para o emprego, mas o dia não iria ser como de costume. Pelo menos eu fazia planos de assim não ser.
O sobreiro, o triângulo que eu fazia questão de manter na minha mente, tinham-me inspirado para a minha tarefa de hoje. Hoje não iria só trabalhar. Hoje não iria só ansiar pelo termo do horário diário de trabalho. Hoje, algo de muito mais importante esperava-me.
Cheguei ao trabalho. Cumprimentei todos aqueles que vi no caminho. Estava confiante.

O trabalho correra conforme o planeado. Tudo na minha vida correra conforme o planeado. Tudo excepto hoje. O plano desmoronou-se quando ela iniciou a frase. Tem de haver sempre uma ela. É quase como obrigatório para os homens que haja sempre mulheres a pôr fim à sua monotonia. (e ainda bem). Mas não no meu caso. Era demasiado importante.
"John"-disse ela, com aquele olhar de piedade-"eu não sei como te dizer isto..."
Ela não sabia como o dizer, mas acabara de mo transmitir. Já sabia a resposta. Virei costas, não por estar zangado ou furioso, mas apenas para que ela não visse a lágrima que me escorria no rosto.
"John, desculpa"
Não chamei o avião como no dia anterior, tinha vindo a pé, iria a pé. Joguei a caixa quadrada com fotografias dela a passar, em slide, o mais longe que consegui, não chegou a cinco metros.
A caixa queimava-me a mão e o peito, mesmo depois de me ter desfeito dela. O que poderia ter corrido mal? Não está destinado aos homens saber o que corre mal nestas situações.
O efeito do gás, novamente, adormeço.
To Be Continued

segunda-feira, 7 de julho de 2008

estranho,tudo

O rio corria, nem velozmente, nem vagarosamente, simplesmente corria. As margens cheias de nada e de quase tudo deixavam-me a sensação de já lá ter estado. Não agora, porque era a primeira vez que lá ia, não assim.
As árvores, estáticas, balançavam com o vento. O chilrear dos passa ritos que por lá voavam ensurdecia a minha mente, dispersa no chilrear, concentrada no dejá .
As pedras, lavadas constantemente pelo rio sem terem a oportunidade de se sujarem, pareciam (pelo menos a mim pareciam) dorsos de baleias azuis, amarelas, cinzentas e verdes.
Tudo ali cheirava a campo, a terra, em que agora me sentara, a casca de pinheiro que arrancara e que desfazia na mão por simples distracção. Tudo. Todas as coisas de que me lembro cheiravam, e as que não me lembro deviam cheirar porque não cheirava a mais nada.
Lembro, ah! disso eu lembro-me. Lembro-me de me ter deitado com a cabeça virada para o rio, de forma a ver as árvores, as silvas e toda a vegetação que envolvia aquela margem.
O caminho por onde eu viera ficava na outra margem, eu não queria ver caminhos, não queria ver a intervenção do homem em mais um lugar sagradamente selvagem. Não. Eu queria era ver a multidão. Queria ver a solidão do homem que eu era, mas já não sou.
O lugar, conhecia-o das histórias do meu avô, que me descrevia cada espaço, cada ser, cada centímetro de terreno com uma precisão de topógrafo. Ele levou-me àquele lugar muito antes de eu lá ter estado.
Lembrei-me quando vi a marca no sobreiro que dominava a paisagem e no qual eu ainda não tinha reparado. Estava lá a marca que o meu avô dizia ter conquistado a minha avó. Um simples triângulo, com duas arestas arredondadas e enfiadas para dentro e a outra, pontiaguda, desviada do centro. O meu avô falara-me que aquele era o símbolo do amor. Aquele era o símbolo que se fazia às raparigas para dizer que se gostava delas.
Chamei o meu avião. Mandei-o para longe. Queria aproveitar toda a natureza do caminho para a levar comigo. Não queria esquecer aquele lugar, único, raro, agora.
O avião esperava-me, fielmente como outrora faziam os animais de raça canina.
Voltei para casa. Esta já me tinha preparado a refeição que lhe pedi durante o voo.
Ao adormecer, sob o efeito do gás por mim inventado, pensava no lugar, no meu avô, no sobreiro e no triângulo de pontas estranhas que lá encontrara. Tudo isso me marcara.
Como seria bom se eu fosse o meu avô.

domingo, 6 de julho de 2008

fala-se e entende-se

Era um daqueles dias de Verão, em que a chuva não deixava a lua cheia penetrar por entre as nuvens de poeira que fazia o vento calmo.

Pensamos, muitas vezes, de forma linear, outras de forma complexa e outras, ainda, não pensamos. Pensar requer o esforço mental de fazer funcionar o cérebro. Pensamos quando temos que o fazer, e raramente quando nos apetece. Pensamos quando não devemos ou não queremos.
Temos, então, a necessidade de nos exprimir para os outros. Temos de tornar útil, aquilo que pensamos. Se não, de que serve pensar?
Mas será que aquilo que pensamos é aquilo que dizemos que pensámos. Será que utilizamos as palavras certas? Ou será que quem nos ouve dá o mesmo significado às palavras que nós que as dizemos?
É uma ligação complexa. Quem fala, o emissor, tem de ter em conta quem ouve, para que este o perceba da melhor forma. Mas, mesmo assim, o receptor pode não perceber aquilo que ouviu, não da forma que o emissor quis que ele percebesse.
É uma ligação complicada, geradora de muitos conflitos. Quando não é gerida da melhor forma, a comunicação pode ser o mote para muitos confrontos bélicos. Uma simples palavra forma do contexto pode despertar o mundo para a guerra.
É uma ligação subtil. Esta ligação passa despercebida a todos nós quando a operamos. Nenhum de nós pensa nas consequências que podem ter as palavras que dizemos, a forma como as dizemos. Ou quem as ouve e a forma como as interpreta ou sente.
É de palavras que o nosso mundo é feito. É de comunicação que vivemos. Se não existisse um padrão para que as palavras significassem o mesmo para todos os que as proferem, não haveria descobertas proclamadas, feitos festejados, mudança desejada.
Hoje em dia, é necessário ter cuidado com aquilo que sai da nossa boca. Não só os pirolitos que saem quando espirramos, mas também quando proferimos palavras dirigidas a um público muito vasto: diferentes faixas etárias; diferentes classes sócias; diferentes mentes.
Um presidente da república, quando se dirige à nação, ou quando responde a uma pergunta de um jornalista, tem de ter em conta quem o vai ouvir. Ele sabe que todos vamos tirar as ilações do que ouvimos e que cada um tirará as suas conclusões acerca do que foi dito.
Quão perigoso e instável pode ser esta ligação? Que esforço teremos, nós de fazer, se queremos, um dia, ser entendidos e compreendidos?
si iu laiter

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Blogs

Nós. A juventude. Todos.

Nós podemos ser o que quisermos pois ainda não somos nada.

A juventude não está estragada, aprende com os erros que vai cometendo.

Todos faremos o mundo ficar na mesma, o que já não é mau, uma vez que não piora.


Isto para introduzir o tema”impacto dos blogs na sociedade juvenil” (parece um daqueles interessantes temas da sociedade civil _ apresentado por Fernanda Freitas, de seg. a sex às 14h e qualquer coisa)
Os blogs há muito que são uma moda. E como a própria Internet, meio fulcral para o aparecimento dos blogs, tem aspectos positivos e negativos.
A sociedade passa, agora, mais tempo a escrever, escreve mais, participa mais. Isto é muito bom, uma vez que desperta o interesse de muitos para a escrita, e, quiçá, descubramos o novo Pessoa. Podem ser muitos, assim, descobriremos o novo Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Álvaro de Campos.
Passamos mais tempo a escrever. Damos mais importância a temas que escrevemos, logo há uma maior consciencialização das pessoas e de mim próprio para as problemáticas que envolvem o quotidiano.
Damos mais atenção a promenores, a formatações de textos. Assim, se algum daqueles que escreve um blog editar um livro, não se conformará com a formatação standart que todos os livros incluem. Quererá uns excertos a cor-de-rosa, umas palavras mais pequenas e noutro tipo de letra, etc.
Mas, nós ao escrevermos tanto, deixamos de ler, deixamos de admirar aqueles que realmente executam, em toda a extensão da palavra, a literatura, deixamos de ter referências literárias, passamos a ter referências bloguistas. (isto se calhar é um pouco exagerado para a nossa geração, mas a vindoura, com a quantidade de blogs, talvez padecerá desta problemática) .
comprimentos

quinta-feira, 3 de julho de 2008

as casas alentejanas

Quando aqueles dois fogosos corpos, sedentos um do outro, se tocam depois do jejum a que foram submetidos: os olhos brilham, fechados na escuridão imensa do prazer de não ver o momento, apenas para o sentir; os seres, insaciáveis, procuram-se mutuamente sem fim à vista; as mãos percorrem todo o percurso que já conhecem, mas que facilmente esqueceram para voltar a explorar; os beijos, suaves, molhados, longos, curtos, sufocantes, salgados, molhados, como uma seta que lhes bate no coração, para os deixar feridos para sempre.


As casas alentejanas não são brancas por causa da reflexão da radiação.


As casas alentejanas são brancas por causa do anúncio Tide.


As casas alentejanas, antes eram feitas de pedra.


As casas alentejanas, ainda antes disso, eram cavernas, e as cavernas não eram
brancas.


As casas alentejanas não podiam ser brancas porque se não ficavam castanhas como pó e o touro confundia-as com uma vaca.


As casas alentejanas só são brancas, depois das estradas do Alentejo começarem a levar alcatrão no focinho.


Se não houvesse alcatrão nem o anúncio Tide, as casas alentejanas, hoje, ainda não eram brancas.




abraços do agricultor de milho, tá na altura dele....bom!!!


p.s catarina, já que gostaste tanto do blog, arranja mais algumas pessoas para irem lendo os textos e irem comentando. como a Verinhaa diz: para ficar mais bonito

quarta-feira, 2 de julho de 2008

nada nunca é nada

Escrever sobre alguma coisa é complicado, há gente que diz que escrevo sobre tudo.
Então imaginem escrever sobre nada. Nada mesmo. Rigorosamente nada. Sabendo que o nada é uma contradição em si mesmo. Uma vez que nada é a não existência, mas tem pelo menos o nome, logo já não é nada.
É complicado definir nada. Nós nunca vimos nada. Nunca cheiramos nada, e segundo Hume só temos percepções daquilo que já experimentámos.
Então como podemos ter a ideia do nada?
Simples, não podemos. Mas continuamos a teimar em tê-la como uns miúdos mimados a pedir um qualquer objecto aos pais:
- Já te disse que não podes pensar no nada!
- Oh pai… Mas eu quero o nada. Nada, nada, nada. Nada, nada, nada!
- Queres ficar de castigo? E não faças birra!
Lá esquecemos o nada quando somos ainda gaiatos. Mas quando as primeiras borbulhas atacam voltamos á carga:
- Quem me dera não ter nada na cara!
É um castigo para os pais verem os filhos, assim, a revoltarem-se contra uma educação completa. Muitos pensam que os filhos vão dar em marginais. Muitos levam-nos a psicólogos. A verdade é que quando acordam para o problema já é tarde de mais. E aí não há nada a fazer.
Os meus próprios pais enfrentam, agora, uma grande ameaça de depressão por causa deste meu texto. Mas havia de chegar o dia em que eu, FAR, tinha de enfrentar o mundo, sujar-me na lama, dar cabeçadas nos bicos das janelas, enfim, levar estaladas por apalpar mamas.
abraço deste agricultor de nadas no quintal

terça-feira, 1 de julho de 2008

obrigado

Merecem. Por isso os meus sinceros agradecimentos.
Para a menina Vera:
Obrigado por desde o inicio ter comentado o nosso blog, obrigado por n ter deixado que nenhum texto ficasse por comentar, obrigado pela generosidade das palavras, obrigado.
Para a Catarina “Someone”:
Obrigado por ter defendido estes “pobres” agricultores, que nada mais fazem para além de exporem as suas opiniões livremente. Obrigado por ter sido tão simpática nos elogios à minha pessoa tecidos, com os quais não concordo mas aceito de bom grado.
Obrigado, também a todos os que alguma vez, por qualquer feliz acaso, comentaram este blog, tornando-o mais rico.

Isto até parece um texto de despedida, mas não, desculpem mas ainda não é agora que se vêem livres de nós. Isto é o cumprimento de uma exigência de Verinhaa. Uma exigência à qual cedo com o maior dos agrados. Vera, não vale obrigar as pessoas!
agradecimentos deste agricultor de batatas

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Confesso,

A boca fala do que o coração está cheio. Se levássemos esta frase no seu sentido mais literal, diríamos que a boca fala sangue, ou que fala plasma, hemácias, leucócitos, e todo o que o sangue contém.
Mas mesmo pensando no coração como o elemento que produz todas as nossas emoções, esta frase não deixa de ser falsa. Onde estaria, então, o espaço para a mentira e o fingimento? Onde estaria a falsidade e a crueldade? No mesmo coração que ama, que gosta, que apoia, que traz à nossa boca palavras de conforto: aquelas palavras que são necessárias a quem as ouve? Não.
Todos nós mentimos pelas mais diversas razões. E não interessa, na altura do renascer da verdade, saber a verdade. Interessa, sim, saber as razões por que se mentiu.
Porquê?
Porque é no entendimento dessas razões que provem o perdão. O que seria do perdão se ninguém fizesse nada de mal? O que seria do perdão sem nada para perdoar? Então temos de saber o que perdoamos, temos de ter o que perdoar, e principalmente, temos de perdoar. Não é esquecer. É lembrar o que se passou a cada momento e estar de bem com isso. Mas para isso temos de compreender a mentira: as suas razões.
“ A mentira é uma opção”
Isso é que nos individualiza. A mentira. A verdade é toda igual, se for contada pura e imparcialmente. Agora a mentira, a mentira é individual, é de cada um. Ninguém inventa uma mentira igual. É algo que sai da nossa mente. É algo nosso. E, ao confessarmos uma mentira, ao admitir uma mentira, cedemos a nossa alma, cedemos a nossa essência.
Isso é um grande esforço, e só por isso, a mentira deve ser (sempre) perdoada.

comprimentos deste agricultor que, contra si, fala

domingo, 29 de junho de 2008

bye bye cravos

Acabaram-se os cravos.

Esta frase tem muito mais do que uma carga denotativa patente aos valores da revolução de Abril. Isto quer dizer que agora os portugueses, apesar da crise, escolhem flores mais caras como a orquídea. Já n se quer cravos em casa para enfeitar, isso é foleiro, agora é só orquídeas e coroas de rei, isso é que é chique.
Mas não estou contra esta perspectiva, aliás nem quero saber. O que me importa é que se alguém quiser, porventura, planear uma revolução, vai ter de ter muito mais em contas os custos que esta pode trazer. Uma vez que por um cravo no cano de uma espingarda está cada vez mais dêmodê (pronuncia de uma habitante de Cascais, mas não sei se é assim que se escreve).
Uma revolução não pode ser só um acto popularucho, tem de ser um acontecimento digno de revistas do estrangeiro, como o desaparecimento da Maddie, tem de ter classe, te de ser, como a minha mãe diz, para inglês ver!

Agora que reflecti mais cinco segundos sobre esta questão cheguei a outra questão: mas por que carga de agua havia de alguém querer fazer uma revolução?
Pois, esta é uma questão que não faço a mínima ideia de como a transcrever para o suporte digital. Assim, fica ao critério dos poucos leitores que irão ler este texto.

comprimentos deste agricultor que terá tatuado no braço a seguinte frase"AMOR DE MÃE"

P.S. Mensagem de Verinha


Foi,me informado que someone ia revelar,me em primeira mao a sua identidade. Espero que isso aconteça rapidamente e desde ja mostro,me disponivel a dar,lhe o meu mail para me poder dizer. Beijiinhos da Verinha.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Ressuscitou

Já que está na moda pegarmos nos assuntos uns dos outros, também eu pego, hoje, num tema lançado por Júlio Tendeiro. (piloto de karts por ocupação, e cujo nome aparece referenciado num artigo dum jornal on-line da região, ou seja, temos gajo famoso cá no blog!!!!)


O tema é a infância. Há muito tempo que queria fazer um texto sobre o tema, mas a coragem fugia-me por entre os dedos. Isto, porque a minha infância não foi nada feliz. Infância não! A minha estadia na escola primária e ciclo. Repare-se se não numa coisa: eu era gordo, rechonchudo, fortito vá… e o meu apelido era Rato, era e é.


Ora, eu era o sonho para qualquer rapaz malvado que tivesse como hobbie gozar com os outros, logo eu era sempre o crucificado, menos por aqueles que também costumavam ser crucificados.


Para me defender das justas injustiças, criei o quê? Um mecanismo de defesa… (originalidade) e agora sou eu que crucifico-me a mim mesmo no quarto, sozinho, no escuro, à noite, não dando espaço para que mais ninguém me crucifique.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Nevoeiro

O fim do aclamado. O inicio do não desejado. O fim da esperança de chegar. O inicio daquilo que se passar. Sebastião já não chegará. Mas o nevoeiro levantará, um dia, este nevoeiro que nos envolve, esta mancha que nos consome, este empecilho que na nos deixa ver, levantará. Aí nós voltaremos a ter esperança, não no passado, mas no presente do futuro dos Homens. Deixemos a lembrança, deixemos tudo aquilo que faz o nevoeiro, aquele que nos afunda, manter-se à superfície. Assim voltamos àquilo que um dia tivemos…

Um dia saberemos?

Não, nós nunca saberemos

Se o que fizemos

Foi o suficiente para que aconteça.

Resta-nos a esperança

De que alguém se lembre de nós

E pense que sim,

Que o chegámos a fazer.
um abraço que vos suje todos de terra

terça-feira, 24 de junho de 2008

Hoje e Sempre. Amen

Continuando o que o meu caro colega e amigo FAR escreveu num texto sobre o mundo e as pessoas, queria deixar-vos com uns pensamentos que por vezes me consomem.


Numa das minhas jornadas diárias a passagem pela escola primária onde passei 4 bons anos da minha vida, actualmente frequentada pelo irmão do FAR, momentos nostálgicos foram trazidos à minha memoria, as futeboladas que jogávamos no chão de cimento velho e gasto, onde cabiam cerca de 30 jogadores, por equipa, ou da cerâmica caseira q tentávamos vender às pessoas q passavam, apesar desta não passar de bolas de terra com água. bons tempos!


Pensei também sobre assuntos mais profundos, assuntos quase dignos de um filosofo, ou de um padeiro num jogo de futebol.


Aqueles garotos a correr pelas suas vidas num campo de uma primária eram eu e tu, à uns anos. agora estão lá eles. Quando lá estávamos outros passaram por fora dos muros e apesar de puderem não ter pensado o mesmo, estavam na mesma situação que nós hoje. Eles próprios estaram nessa situação dentro de 10 anos, lá dentro estarão os meus filhos!


O mundo gira, dá voltas ao sol, não se preocupa connosco. Quem não se lembra do Hitler? ele esteve cá e já foi. assim como todos os que já partiram. Como someone escreveu, nós somos um livro em branco que é escrito ao longo desta nossa caminhada para o mesmo destino. No caminho alguns atingem grandes êxitos, grandes felicidades, ou pelo contrario tristeza e miséria. Mas temos um factor que influencia a nossa capacidade de viver a vida, os tempos em que vivemos, a época que marca a nossa passagem por esta vida curta à face deste planeta. Outrora, mais precisamente no tempo dos romanos, um homem grande, forte aliado a uma agilidade e perícia com uma espada elevados, só se encontrava abaixo do imperador e da sua família, hoje esse mesmo homem poderia não passar de um soldado numa guerra ou mesmo dum tipo armado eu mau que não tem onde cair morto.

O mesmo se passa com as mulheres. Certamente que uma mulher nascida hoje terá as suas hipóteses de ser bem sucedida no mundo infinitamente superiores a uma nascida à 150 anos.


Todos lutamos, a toda a hora, queremos estar no ponto mais alto da nossa sociedade. É assim desde sempre, apesar de ter mudado o significado de estar no ponto mais alto da sociedade. Agora todos tentamos ser ricos, mas as características da sociedade deixam alguns ter mais predisposição por certas aptidões físicas ou intelectuais.
Numa sociedade onde o gajo mais importante é aquele que consegue pegar na maior e mais pesada pedra, então um tipo pequeno, não tem a mínima hipótese de se safar.
Quantas vezes não penso que neste preciso momento existirá pelo menos uma pessoa mais intelectualmente capaz que o famoso Einstein pela teoria da relatividade, mas neste momento a sua capacidade está a ser usada numa caixa de um supermercado, talvez noutra época...
São os factores alheios a nós que nos modificam, que ditam as nossas possibilidades se sermos "os maiores".
Tal como a escola que frequentamos, os amigos que tivemos e temos, tudo molda a nossa vida, até um simples anuncio de televisão pode mudar o que temos como objectivo. É a conjuntura.
No final só sabemos que caminhamos todos para o mesmo. Imagino-nos como uma multidão num deserto. caminhando sem rumo, no entanto na viagem conseguimos fazer amigos, constituir uma família e ser feliz. No entanto, vamos todos cair num precipício sem fundo onde nos aforaremos para a eternidade.
Cumprimentos de centeio!

conselho geral transitório

Um blog serve para muitas coisas. Alias, podemos fazer dele o que quisermos. Podemos transforma-lo num diário onde relatamos todas as nossas frustrações, podemos fazer dele uma feira de variedades de assunto, com imagens e vídeos do youtube, enfim não me recordo de mais nada.
Eu, hoje, neste dia, a esta hora, optei por vir aqui relatar a minha primeira experiência como membro do conselho geral transitório da Escola Secundária Marques de Castilho, como órgão representativo dos alunos da mesma.
Pensando que não ainda é alguma coisa que fornece à minha pessoa uma certa carga de responsabilidade e credibilidade (é mais por esta que escrevo este texto no blog). Isso se tirarmos o facto de termos sido eleitos como lista única, porque não aceitamos as outras candidaturas. Isto porque nós cumprimos o prazo de entrega e as outras não.
Bom, foi uma experiência enriquecedora e poderia utilizar muitos mais adjectivos com a mesma carga simbólica, aliás quase sinónimos só para encher. Mas hoje não.
um duro shake handes para o meu companheiro nesta jornada

segunda-feira, 23 de junho de 2008

cá está mais um de fabrico industrial

Todo este aparato de uma pessoa, que eu desconheço, vir dizer que eu tenho um jeitaço para carregar nas letras do teclado de uma forma, mais ou menos, encadeada, fez-me reflectir sobre o dito assunto.
Primeiro fiquei orgulhoso como qualquer um ficaria. Não é todos os dias que alguém nos elogia, e elogia de uma forma livre de pressões ou segundas intenções. Não a conheço, não lhe posso agradecer pessoalmente ou favorecer no trato.
Depois deste estado ilusório, tive o meu momento de epifania. Todos os berlicoques que ponho (ou tento por) na escrita, só transparecem a minha contaminação dos males da sociedade que tanto renego.
Se eu não quisesse saber das opiniões dos outros, se eu fosse totalmente sincero para com o que penso sobre as coisas, não tentaria embelezar nada. Eu devia era escrever como o meu irmão do quarto ano escreveria que é assim que os assuntos merecem ser tratados!
Mas não. Quero mostrar que sou melhor que muitos, porque não interessa sermos bons se não somos melhores que ninguém em especial. Quero gabar-me do que consigo fazer. Pensando bem, eu não tenho qualquer moral para criticar um qualquer aspecto especifico a sociedade pois ele esta implícito tanto em mim como na minha educação ou na minha vida social futura (digo futura porque a actual é inexistente).
Por tudo isto, e muito mais, é que eu vou à missa. Já dizia o padre”olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço".
um abraço deste agricultor que vos adora

sábado, 21 de junho de 2008

mudança

O mundo muda. A Rússia, outrora dos czares, depois de Estaline, agora é de Putin. E, assim, as pessoas mudam com o mundo. Dizer que não mudam é mito.

O mundo muda as pessoas. Evoluem? Talvez. Mas o certo é que mudam, e aquilo que querem fazer hoje, amanhã talvez já não queiram. Dou um exemplo simples: quando somos miúdos gostamos é de jogar à bola, queremos lá saber das garinas, até achamos nojento o "beijar com a língua" , porém, uns anos mais tarde, não passamos sem isso, vivemos para isso, suamos por isso, morremos sem isso. Não morremos literalmente, porque o coração continua a bater e o cérebro a funcionar, mas morremos enquanto homens que nos queríamos afirmar na sociedade, e, pensando que não, na nossa idade é motivo para uma depressãozinha.

Tudo isto para dizer que um adolescente pode mudar as suas prioridades: apercebe-se que não existe só naquele momento e que, talvez, fosse melhor concentrar as suas atenções em algo que o imortalize, que aliás é o motivo de todas as pessoas se esforçarem, para serem lembradas.

Podemos, então controlar as hormonas que nos impelem para o contacto com o sexo oposto (o caso do chiquinho é a excepção que faz a regra) e canalizar essa gana para as coisas que realmente interessarão.

Mas, por enquanto, continuamos todos com o cio.

terça-feira, 10 de junho de 2008

nem tudo coisas do diabo

Quando Deus fecha uma porta abre uma janela.

Esta frase é uma mostra da sabedoria popular agora suportada pela ciência.
Se Deus fosse bondoso como dizem que é abriria um portão na vez da janela.
Deus existiu, durante muito tempo para explicar o inexplicável, nos últimos anos (e não foram assim tão poucos assim) ganhou uma outra função. A de justificar extermínios.
Isto só mostra a evolução da mente humana.
Antes preocupávamo-nos em caçar para comer, e usávamos Deus como amuleto, para o caso de alguma coisa correr mal a culpa não ser nossa. Pois agora, com as novas tecnologias, primeiro as espadas, agora os mísseis, já não nos contentamos a caçar um veado, agora caçamos tudo o que nos incomoda, ou então tudo que não faz parte do mundo que aspiramos.
Tudo isto para dizer que usamos Deus mais do que ele nos usa a nós. Não é que ele se importe, duvido que assim seja, mas é injusto clamarmos justiça divina quando as coisas da Terra se resolvem na Terra. E a maior parte nem sentido tem. Apenas por meia dúzia de tustos.
Nada disto é novidade. Nada disto é novo. Nada do que se diz foi inventado, ou sequer pensado pela primeira vez. Já todos pensámos alguma coisa do género. Mas o que importa pensarmos nisto ou naquilo? Daqui a nada esquece-se e depois voltamos a pensar noutra coisa qualquer.
bibas cá do ambiente rural com casas restauradas e turista ingleses a tomar conta do vinho todo

segunda-feira, 9 de junho de 2008

the devil's craps come around every day

a ociosidade
problema maior
do homem,
da sociedade.
sem tempo não pensamos
fazemos as coisas
porque queremos ou temos.
mas quando poisas
a cabeça na cama
a consciência,
aquela coisa que incomoda,
lembra-se e chama.
pensamos...
e como é mau para pessoas pensar.
por isso é que as pessoas vivem felizes.
lembramos...
aquilo que fizemos de mau as pessoas passar,
e por isso contentes são os petizes.
como é injuriador,
para o individuo que pensa,
pensar!
não é raciocinar.
isso todos fazemos.
é sim rebuscar a despensa,
na busca do que não se quer encontrar.
é a coisa mais difícil de fazer
ou evitar.
quanto mais queremos,
quiçá podemos,
não pensar no que já dissemos
fizemos,
o dia do juízo final chega.
acaba sempre por chegar.
da forma que menos pensamos
no dia que não nos dá jeito.
mas ele vem,
vem e bate forte no peito.
não o dia do julgamento do ser superior,
aquele que é usado para trabalhar,
um trabalho nosso.
falo do nosso interior,
gajo bem mais esperto que nós.
que se põe a atrapalhar.
e é isto que fazemos
quando não temos nada para fazer

terça-feira, 3 de junho de 2008

Where is someone?

Neste momento nós, agricultores, não nos preocupamos com a selecção, nem sequer com as notas de final de ano. Porquê? Porque existe uma coisa muito mais grave que nos perturba. Aliás, são duas:
1. Quem é someone?
2. Onde está someone?
Claro que a primeira é muito mais importante que a segunda. É, para nós, de extrema importância saber quem foi a alma caridosa que nos defendeu, de pessoas que nos insultaram numa momentânea epifania, com unhas, dentes, garras (se constarem da sua constituição física, porque estou certo que usou tudo o que tinha ao seu dispor).
A segunda só tem como funcionalidade manter o nosso ego o mais baixo possível, uma vez que queremos saber qual foi o rasgo de iluminação que deu a someone para deixar de comentar o nosso miserável blog. Só se someone for tipo mulher-aranha ou super-mulher, heroína que acorre aos mais desfavorecidos. Se for esse o caso, e de qualquer das formas, estamos muito agradecidos.

本当にありがとうございます
Já agora, queria, também agradecer à pessoa que tem comentado sempre o nosso blogzito, não porque os textos são bons, mas sim porque eu lhe peço. Vá não vou mentir, exijo. Obrigado Verinha, um dia quando quiser ocupar o teu tempo com algo muito mais educativo e rentável está à vontade.
cumprimentos deste agricultore, e saúdinha

quinta-feira, 29 de maio de 2008

o sorriso

Será sacrifício
Se não se chegar a sacrificar?
Será heróico
Se ninguém chegar a salvar?
De que vale fazer
Aquilo que custa
Sem receber
A compensação justa?
Por justiça reclamar
É a parvoíce maior
Quem sabe se chorar
Ainda não será pior.
Ninguém se pode decidir
Estando da escolha seguro.
E a desilusão vem a seguir.
É o sentimento mais puro.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

senso comum

Os rostos retratam
Aquilo que muitos escondem.
Os ricos fartam
Os pobres não comem.
Tem sido conversa de bar
Taberna, poetas e afins.
Mas acaba-se por não mudar
Em nada o ritmo do país.
PORTUGAL.
Um pais adiado,
Filho de um pai separado
Que luta pela custódia em tribunal.
PORTUGUESES.
Esperam sentados.
Casam-se com ingleses
E franceses,
Na ânsia de melhorar
Mas o respeito
A coragem e o perfeito
Acabam sempre por não encontrar.

branco

O que dirá uma página em branco?
Será suficiente para o que queremos tanto?
A criatividade espreita
Pelo buraco mais pequeno.
A sua malvadez deleita
Até o ser mais sereno.
Branco.
Oportunidade.
Cor incolor.
Podemos ser melhores,
Podemos ser piores,
Mas partímos todos do branco.
Cor do que não há
Cor do que irá.
Todos podemos ser Camões
Ou uns grandes lambões
Com uma folha em branco.

sábado, 3 de maio de 2008

necessidade

pois cá está. a prova pela qual alguns esperam, outros aguardam mas todos desejam...
pode ser dito em varias línguas, para surdos até...
o significado será sempre insuficiente...
é como ler uma revista no cabeleireiro que sabemos que muita gente leu, e que não nos vai dizer nada de novo....
daí a necessidade de criar algo novo...
fora do conhecimento comum....
que traduzisse tudo o que se quer dizer.
mesmo que as línguas se misturem duas ou três vezes(ate pode ser mais) será sempre pouco para exprimir a vontade de concretizar algo que se espera concretizável.
ate jiru bodo

Evolução das coisas do diabo

Há lá coisas do diabo. O ex. líder do PSD, depois de dizer que fazia e acontecia(entre isto estava baixar o IVA para 16%), depois demite-se. É, pensando bem, uma boa forma de fazer politica, diz-se que se faz mas não se dá tempo para que o chamem para fazer o que disse. Foi melhor assim. Tanto para ele, como para o PSD.
Ele ficou na memória dos social-democratas porque prometia e nunca mentiu acerca do que disse que ia fazer, ele, quiçá, tencionava mesmo fazê-lo. Mas será sempre um grande líder. Dono até de grande credibilidade (dentro do descredibilizado partido não é difícil) que nunca mentiu aos portugueses! Repare-se nos poucos que se orgulham disso, mesmo nenhuns.
O PSD ganhou na medida em que a sua demissão abriu um precedente para que as maiores figuras do partido se sentissem no dever de salvar o partido da crise criada. Alem disso, abriu-se, momentaneamente, as portas para a discussão sobre o estado do partido. Dito por outra palavras, lembrou-se os portugueses que o PSD não era só Santana Lopes. Surgiram novas caras. E, também, muito velhas caras. É o caso da favorita á vitoria, Manuela Ferreira Leite... não sei porquê mas nunca fui muito com a cara dela. A situação vivida até podia ser comparada á situação dos democratas nas primárias dos EUA. A favorita era uma mulher, mas apareceu um preto para lhe estragar os planos. No PSD esse preto seria o Alberto J. Jardim. Alberto considera-se preto porque os gajos lá do contenente só roubam a madera, são uns palhaços pá! Não seria uma surpresa ele candidatar-se, uma vez que já disse que não se candidatava mais pela Madeira, e ele mentiroso não é. Mas admitamos, depois de tantos anos de poder uma pessoa habitua-se. Tipo a droga. O Jardim está neste momento a experimentar drogas mais pesadas do que o costume. Chama-se evolução consoante as necessidades.
Espero, sem cera, que algo mude no carácter de quem comanda o PSD, se não vão obrigar a juventude da minha idade a fazer a sua primeira votação no mesmo palhaço que lá está.
saudações do campino que enfrenta o toiro de frente
ps: e bebe um licor beirão de golada e no final faz haaaaaaaaaa

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Futuro

Hoje fiz a experiência mais arriscada da minha vida.....consultei um mapa astral na internet, e, acreeditei, não experimentem.

Fiquei a saber que vou morrer velho e morte de causas naturais. Bom para mim, mau para o estado e para um qualquer bombista que queira, como se diz na giria, matar dois ou mais colehos com uma bomba só. Pois, porque eu, ao contrário de muita gente, posso não olhar para os lados ao atravessar a estrada porque vou morrer velho, com causas naturais. A não ser que atropelamente já seja considerado causa natural. Pois, é natural que seja natural, porque com a quantidade de urgências com bom equipamento, pessoal em quantidade suficiente e especializado...uiui...só morre quem já devia ter morrido antes, ou porque tem uma gripe, ou porque partiu uma perna, já atropelamentos, com as condições médicas e a assistência de emergência que existem, ninguém morre.

Longe de imaginar que o meu mapa astral previsse a minha profissão, qual foi o meu espanto quando, não só me diz a profissão como me dá todas as opções possiveis e as vantagens e desvantagens de cada uma. Foi, então, informado que vou ser rico se for para o comércio, bem sucedido se for para as ciências e feliz se for para a moda. Espera lá... o meu mapa astral também fez previsões acerca da minha orientação sexual, da qual nunca tive dúvidas mas, que, se o mapa astral o diz, lá sabe ele. Eu gosto de glândulas mamárias salientes, se ele acha que não vou ser feliz ao gostar das tetas...tenho que passar a dar mais atençãoàs mini-saias.

Quanto ao resto do pronóstico não interessa pois é particular e confidencial.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Sonetto

O que interessa nós que vivemos
Fazermos muito ou, então, parar
Se, mesmo que não quisermos calar
Acabamos por ceder e, morremos.

Que importa se é o que queremos?
Se nós somos muito bons a cantar
ou então todos nos ouvem falar?
Acabamos por ceder e, morremos.

Para quê mudar inteiro(nosso?) mundo?
Se sabemos que não o conseguimos
E eu vou para o cachão corcundo.

Ou então hirtos, vamos, prosseguimos,
como aquele guerreiro hundo:
ultrapassa a muralha: conseguimos!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Pai nosso Todo PODEROSO...

Não critiquem um bloguesito tão rasco como o nosso...
Criticar é fácil, e ainda mais é quando há muito para criticar. Agora Fazer. TÁ BEM!
Vamos começar a inserir no nosso blog vídeos do youtube, letras de músicas, ou transformamos o blog num clube de fans dos Tóquio hotel, se for da vossa preferência.
Como têm um blog a sério... Vão criticar outros blogs a sério. E não se metam connosco. Uns tristes agricultores de jardineiras!
Just let us go in our way… Já estamos a chegar ao nosso destino. Não pretendemos fazer disto vida. O nosso blog já se encontra no seu expoente máximo, não pretendemos que ele seja mais do que já é neste momento. Até porque sabemos fazer outras coisas mais produtivas... e algumas coisas até sabemos fazer bem, no entanto não passa na minha cabeça ser o melhor escritor de blogs da internet. Até porque a ideia que eu tenho duma pessoa que o seja não é a melhor.

No nosso bloguesito escrevemos o que nos vai no pensamento. Provavelmente no vosso fazem o mesmo... Logo, pensam em nós... o que não é nada saudável. Eu só penso em mim... e vocês fizeram-me pensar que me tenho de defender de alguma maneira se não até fico mal visto (lá estou eu a pensar em mim, que egoista)... este meio foi o mais fácil apesar de estar fora do meu território. No que eu realmente faço bem seria bem difícil me baterem. Mas pronto justa vitória para a equipa que melhor jogou. Sem remorsos. Sejam grandes, mas não incomodem uns pobres agricultores com 10 filhos para criar cada ao som dos Tóquio Hotel e do Carlos Paião.

Quanto ás politicas socialistas que regem o nosso humilde país neste momento… Se por algum motivo estiverem agradados terei todo o gosto em bater 2 a 3 palmas, pois para além dos mesmos que governam o nosso país, deves ser os únicos.

Zés-Ninguém, pois somos, não aparecemos nos jornais, pelo menos não nos de Águeda, o que é muito deprimente da nossa parte, já pensei em suicidar-me por causa disso, mas ninguém saberia derivado da minha insignificância humana.
Desculpai-me, sendo vós superiores, por tamanha impertinência da parte de 2 humildes agricultores que nos tempos livres, melhor em 1/1000000000 do seu tempo livre, escrevem num blog sem culto, Perdoai-nos e tende piedade de nós, livrai-nos de levarmos com vossa superioridade intelectual. Poupai-nos!!

Sem mais,
Campista #234

PS: Continuem com grandes vitórias!


Pensamento para vós:
Quando Mijamos Nas Calças Só Ficamos Quentes Durante Um Tempo...

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Festa

Hoje, caros leitores, festejamos.
E festejamos porque queremos festejar, não porque alguém disse um dia que se iria festejar.
E festejamos, caros leitores, porque temos um motivo para festejar.
E, caros leitores, que para um motivo nos motivar, é porque é um grande motivo.
Se não, não nos motivava.
E não festejamos por ser carnaval, ou por termos umas férias do tamanho da esmola que oferecemos ao gajo que está no LIDL, festejamos sim, porque, ontem, às 23H03min, alguém gastou tempo e espaço, electricidade e criatividade, bitaites e Kbs, a escrever sobre este espaço que, até agora, julgavamos morto para a sociedade.
Mas é mentira.
E, caros leitores, é mentira na medida em que, ao escreverem a dizer mal de nós, estão a admitir a nossa influência na vida das pessoas, e por consequinte, na sociedade.
Isto não acontece por acaso, caros leitores, e por não acontecer por acaso é que me vanglorio.
Acontece graças ao esforço e dedicação oferecida pelos colaboradores.
O esforço de dizer mal daquilo que até está bem.
O esforço de, quando não se tem tema para falar, falarmos da teoria da relatividade do Einstein.
O esforço de sabermos inserir erros ortográficos em locais estratégicos só para tornar o texto mais apelativo.
Termino com uma palavra para aqueles que motivaram toda esta atmosfera que há muito se hjavia perdido e fizeram com que eu tivesse algo mais para escrever aqui, obrigado.
Obrigado http://www.passemosacs.blogspot.com/, cá dentro.
já podem por josé malhoa .

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Tudo era simples. Continua a ser. Apenas somos pessoas com mais responsabilidades, e também pessoas com mais capacidades para gerir essas responsabilidades. Falo disto como puderia falar de outra coisa qualquer, apenas me preocupa recentemente o estarmos tão próximos do nosso futuro. Bem, estamos sempre próximos, mas agora não é só aquele futuro próximo de: "às nove vem jantar"; ou "deita-te às 22", não é esse, é antes as decisões e as acções que agora exucutarmos irão condicionar a realização dos nossos projectos.
Por falar no futuro, apercebi-me, à hora do almoço do dia 31 de Dezembro, que o futuro chega mais cedo para uns do que para outros. há hora de almoço, ou seja, ainda faltavam 12 horas para que o ano acabasse para nós e já tinha acabado para os australiano e neo-zelandezeses. Aí tive uma ideia, e se fossemos um dia antes para a Austrália antes de passar o ano, o nosso relógio adiantava-se 12 horas, ou seja, ficavamos 12 horas mais perto de morrer, e passaríamos um ano com menos 12 horas do que é normal, depois ao voltar outra vez para Portugal, passaríamos um ano com mais 12 horas do que o normal.
Era giro não era?
votos de um bom ano com muita barba de milho