quarta-feira, 3 de novembro de 2010

liberdade

Largar o que a mama levou à perna, quer agora imitar o seu bom pai.


Porque é que não foste embora? Porque é que não te abandono? Porque é que sempre que ouço o teu nome pelas ruas é o meu coração quem responde?

Sinto que nada passou. No entanto somos pessoas diferentes. Mesmo partindo do mesmo ponto, não há ponto por onde se lhe pegue. E por isso é que queria desistir. Deixar para trás todos os argutos mal dizeres que me impelem em seguir-te e libertar-me. Sabes, é o que todos procuramos. A liberdade. Por muito estranho que pareça essa liberdade depende de outros, cada um tem o seu outro, mas no final estamos todos envolvidos numa teia impregnada de dependências. Não que cada um de nós não fosse capaz de dar liberdade, eu próprio o faria, vezes sem conta se assim fosse necessário, apenas não o conseguimos fazer àqueles que realmente precisam dessa liberdade, não conseguimos atribuir a liberdade a quem nos pede por ela. Fechamos os olhos, medo invasor da nossa face, dando o prémio a um qualquer outro desmerecedor.

Gostava de saber cantar. A sério. Gostava, aliás, que qualquer que fosse a arte, uma aleatoriamente escolhida pela roda do euromilhões ou apenas a mais fácil de aprender, eu realmente conseguisse libertar-me nela. Deixar esta nuvem que se tende a disfarçar com tinta azul claro e um pouco de nevoeiro para preencher a alma de esperança.

No final das contas, quando passamos tudo por revista e tiramos conclusões, acabamos sempre por achar que não valia a pena ter arriscado. Afinal era tudo evitado, apenas precisava de não ter tido qualquer tipo de ousadia. Se não a tivesse não traria tão efémero e pesado peso.