E mais uma vez a cara dele rastejou o chão. Mais uma vez chorou lama. Mais uma vez.
Quantas vezes não tinha já ele tentado, desistido, resignado. Mas voltava para tentar. Porque tentar é tudo quanto se pode fazer. Tudo o que se pode esperar dos outros é que tentem. Lutem até perderem as forças. Lutem até que a causa seja perdida. E mesmo depois de uma causa perdida, é a causa que está perdida, não nós, e por isso voltamos a tentar. Voltamos e lutamos por aquilo que queremos. Mesmo que seja mau. Mesmo que não seja o que precisamos para a nossa agradável existência. Muitas ocasiões não queremos, nós, o que melhor nos faria.
Ainda que nos sentemos a ver a nossa doce televisão, ainda que leiamos o condescendente jornal, ainda que deixemos a nossa vida para trás em nome da comodidade, ela chamar-nos-á sempre. Em cada esquina, em cada encontro furtivo.
E o dia em que nos encontramos com a vida acaba por chegar. A razão da esperança perdida esfuma-se, e aquilo por que esperamos espera-nos. E a lama que tão bem faz à pele – tanta chique pessoa que a põe sem ter ponta do nosso usual desgosto – transforma-se num sorriso resplendoroso que fortalece e tonifica os músculos da cara sem a sujar. E ficamos todos tão bonitos a sorrir. E ficas tu, tão bonita a sorrir.