segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Duas e tal para mais

A esta hora chove, faz sol, e há bar aberto algures por essa, esta, nossa, pequena Terra.



Por estes lados, nada do anteriormente sublinhado foi suficiente para animar o nosso protagonista. Encontro-me a três bancos dele, vamos sentados “ao contrário”. Muito bem conservado, cabelos loiros com as raízes pintadas de preto, ou será ao contrário? Engraçado ao contrário, vejo a cara muito bem maquilhada, por sinal, nem sinal de poros abertos, uma base exagerada, uns olhos marginados de um azul berrante, tipo a Edite e o preto. Tem umas bochechas tipo João Soares, não será o pai porque seria exagerado. Digamos que poderia ser mais parecido, não fosse o reflectir da base que exageradamente foi usada na cara. Vejo a cara desta senhora para um olhar mais desatento, um senhor, penso eu cá para os meus botões, que, solitários, ansiavam por companhia, invertida, através de um espelho que se encontra na parte inferior do sítio onde é mais apropriado guardar as malas, tipo autocarro, mas no inter cidades Lisboa-Porto. Bom, posso estar enganado, mas para a historia, por via a ficar mais interessante, admitamos que de um travesti se trata.



Deixem-me, agora, falar-vos do que acho serem os travestis. Sim, já não escrevo há algum tempo e por isso permito-me a tais devaneios. Uma longa modernice, que remonta a séculos muito próximos ou distantes, se pensarmos em tempo histórico ou geológico. Uma tradição, como as touradas – as quais eu sou manifestamente contra, não por uma suposta sensibilidade feminina, sou muito macho, mas por achar que há formas mais eficazes de nos divertimos do que ver um animal morrer aos poucos e, para uma sociedade que se preocupa tanto com os seus animais de estimação que ate lhes paga estadias em hotéis próprios para o efeito, fica mal os seus espíritos excitarem-se tanto com um sofrimento tão irremediável como o rio que corre. Vejam como começo a falar de travestis e acabo em touros. Voltando aqueles travestidos, o dicionário, surpreendentemente aceita a palavra. E eu a pensar que tinha sido o Sócrates a inventa-la. Bom, agora a sério, isso fazia sentido quando os homens partiam para meses de solidão no mar, sem alguém do sexo oposto para o saciar. Agora com uma razão de um para sete, não faz sentido que homens certos da sua masculinidade optem por material de tão fraca qualidade. Por isso, a longo prazo, muito longo, tão longo que nunca me poderão chamar a responder se estiver errado, como nunca saberei se estiver certo, prevejo o declínio de tão afamada espécie, para euforia do PNR.



O desagrado deste nosso protagonista é evidente, pela demora da viagem, o desconforto, a falta de espaço para as minhas longas pernas, o desconto para cartão jovem, o preço dividido a meio, bem, só desvantagens este inter cidades, parece o TGV. E, também, por causa do PNR.



Mas seria maior o tal desagrado, desconforto, nervosismo, todas as más sensações que vos passem pela cabeça, se estivesse lá ele, no meu lugar, quando uma mala caiu-me na nuca, era dura, uma mala, e é giro repetir uma mala, enfatizando o efeito da dor que senti assim como cria um bom efeito cacofónico.



Por fim, com a anseia de continuar a escrever, já que vou de enfiada, mas com as pálpebras a pesar, deixo-vos com a mais que esperada referência futebolística. Mas agora que penso nisso, não sei bem que hei-de dizer. Talvez continue a escrever para dentro como a minha mãe diz ao meu pai, que via os jogos do antigo Benfica, do Benfica do Quique para dentro. Viva Benfica, viva Jesus. Ámen (foi apenas para ultrapassar as 600 palavras, mas com esta frase parentética, já ultrapassei em larga escala).

1 comentário:

Verinhaa disse...

Fala de tanta coisa mas acaba por nao falar de nada..
Tenho que admitir que nao e' dos meus textos preferidos!

BeijiihhO*