sábado, 9 de janeiro de 2010

de nós para ti

Só haverá uma coisa que nunca te escreverei. O amor. Aquele que sinto por ti. Não por ser pequeno, insignificante. É demasiado grande, é a minha alma toda, mais toda aquela que porventura deixei para trás. Sou eu, e és tu comigo. Somos os dois. E por sermos os dois nesse meu amor por ti, nunca o poderei escrever com os meus dedos sem ter os teus nos meus. Não o posso nunca escrever. Não consigo. Ultrapassa-me, em todas as barreiras que coloquei no caminho. E foste tu que as saltaste, e só tu me podes falar delas, agora. Não consigo. Porque não sou eu no amor, és tu em mim que cria o amor. Não posso ter amor sem te ter a ti. Não posso ter amor, tendo outra pessoa qualquer. Só tu crias o amor, e escolheste o meu corpo para ser o receptáculo desse teu amor. Ele é teu, mas eu tomei a liberdade de o tomar como parte de mim. Peço que me perdoes. Que me perdoes por tirar algo que é teu, de me apoderar da tua criação em mim.
Nunca te poderei falar de amor. Descrever-to. É estupidez falar da criação ao criador. Falar-te-ia de partes quando o conheces todo, de cor. Falar-te-ia de mim, quando não sou eu, mas tu o amor.
Porque o amor não depende de mim, nem nada que faça criará amor. Apenas tu decides onde nascerá o amor, e nas céu em mim.
Escreveram que o amor é a soma de todas as coisa belas, se não o fizeram pensaram em fazer. Mas o amor não é apenas as coisas belas todas juntas, isso daria apenas um monte de coisas que já não são belas. O amor é o mundo contigo. O amor é ver o mundo e tu nele, seja aqui ou no Sudão, Paquistão, e todos esses países onde provavelmente nunca entrarás. E por isso não se vê lá o amor.
Disse que o amor está comigo. Mas não está. Apenas a sua lembrança permanece em mim. Apenas pegadas, vestígios das marcas desse amor. Porque tu o levas, podendo cria-lo em quem quiseres. E nesse medo, medo que voltes sem esse amor, sem essa água que me rega, nesse medo afogo-me. Afogo-me todos os dias que não te vejo.
Por isso, hoje, afogo-me sem ti. Anseio a tua chegada. E com ela a criação do teu amor em mim. Porque o crias sempre de novo. E por isso o amor é sempre uma coisa nova. E por isso nunca te poderei falar desse amor.


(...)

2 comentários:

Carla disse...

tão bonito =')..acho que não sou digna de um texto assim...
Dizes que não és bom a descrever o amor..mas és..és bom com "palavras" ao contrário de mim..
Mas posso dizer-te que não vou deixar q te afogues..

Obrigada <3

beijinhos*

"A cada hora que passa eu fico mais feliz... Sabes porquê?
É uma hora a menos pra eu te poder ver.."

AnaT disse...

fogo... tao lindo... :o