A tua marca impressa no tronco da árvore, os olhos que brilham, o corpo que anseia por ver chegar alguém.
E lá estava ele. Outra vez. Sem anseios. Sem desejos. Sem aquilo que faz suar o povo. Sem futebol. Um homem. Com mais vinho do que esperança. Com mais pó do que bronzeado. Vive? Vive. Vive ao pé das escadas para o metro do Martim Moniz. Afogado em depressões, em anti-depressivos? Não. A tristeza é como a pobreza, uma pessoa habitua-se, não faz dela uma doença. A felicidade, a concretização, não se põem em questão. Quando não há objectivos que perdurem a um litro de vinho, não há nada para conquistar, nada para saborear ser conquistado.
E quando a revolta se apodera? Quando todos os que passam nos puxam para baixo. Quando se vê um inimigo em cada esquina. Parte garrafas de cerveja, lança impropérios a alguém que passa demonstrando um objecto que ele nunca possuirá.
Mas tudo passa. Tudo volta. Mas tudo passa. Porque vive sem garantias: tidas e dadas. A isto se chama viver hoje, porque amanhã, um dia, será hoje também.
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