sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Capitulo I

Acordou. Outra vez suado. Outra vez assustado, numa clareira de lençóis. Era sempre assim. Desde que tinha obtido aquele recado de um moço que não era dele. Sonha todos os dias, a mulher dorme no sofá. O sonho - sabe ele - é o retrato que ele fez de um livro em que na personagem se achara a si.
Foi aquela ameaça, a consciência do mundo todo em uma pessoa que a leva à loucura no instante seguinte, imediato.
Uma hora, a duração do sonho, depois de voltar a adormecer acordou novamente, da mesma forma.
Eram duas da manhã de uma noite para o lixo. Em que o descanso necessário não viria sem ele ter consciência disso, mas virá por um café, dois, três.
Levantou-se para escrever. Escrever alivia. E ele iria escrever e descrever o pesadelo sob a forma de um sonho premonitório. Começaria pela sinestesia de flashes que invadiam um sonho normal. O encavacamento de dois ou mais pensamentos encadeados, mostrados tipo novela, mudando de actores e cenários no meio de um clímax para manter o suspense. Depois diria que sentia medo, porque por mais que não sejamos nós que estamos no livro, os pensamentos são de quem escreve, por isso têm, todas as personagens, um pouco de nós, de andar sozinho numa rua escura e que essa rua era a mais assustadora de todas.

***
A mulher que dorme no sofá na altura dos sonhos é advogada. Trabalha em casa e no escritório. Muito requisitada. Assim, precisava de dormir por pouco que fosse. E se se mantivesse a dormir mais ele não o iria conseguir.
-Tenho de trabalhar, não é nada do que as minhas amigas dizem – pensa ela todos os dias.
Adormece a pensar nele. No arguido que a contratou há muitos anos, e que há muitos anos a levou a apaixonar-se.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu nao sei como e' qe o menino consegue escrever tao bem mas de facto fa,lo!
Eu tbm gostava de escrever assim.. Tem de me dizer como e' qe estas historias lhe vêm a' cabeça!

Muito bom.. BeijiinhO*